quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sexo Sem Compromisso




Sou um paradoxo: 24 anos, bonita, inteligente, faço faculdade, trabalho, malho,.

Estou num dilema. Sinto falta de sexo, estou solteira, e a masturbação não me satisfaz.

Conheço rapazes interessantes, que querem namorar, mas quando falam nisso me assusto e perco o interesse. Por outro lado, me sinto envolvida pelos que não me procuram. Busco o equilíbrio ás vezes quero um relacionamento e ás vezes não.

Ao ler sua coluna, refleti que talvez eu devesse assumir uma das “minhas vidas possíveis”, porém me sinto viva. Só queria sexo com mais freqüência mas quando tentei sexo casual não foi bom. Quando tentei me envolver em um relacionamento sério, me senti mal, até fisicamente. Meu ultimo namoro “funcionava” como casamento, mas o rapaz era mais novo e terminamos.

Pareço procurar um candidato ideal, mas com a certeza de quere estar sozinha.

(Mônica, Rio de janeiro)


Sexo sem compromisso


O professor de dança foi claro e conclusivo:

- Para dançar tango , a dama precisa se entregar, relaxar, ficar confiante nos braços do cavalheiro. A dança exige parceria e cumplicidade.

E acrescentou:

- Só é convincente e prazerosa quando os dançarinos associam bom comendo masculino e generosa complacência feminina.

No amor acontece a mesma coisa. A mulher precisa confiar abrir as comportas e se entregar, mas, quando há dúvidas ou desconfianças, fica paralisada, permanecendo de pé, fora da pista de dança. Mônica não consegue se entregar a uma relação amorosa. Quando alguém lhe propõe um compromisso sério, as asfixias e os encontros casuais a frustram. Define a si mesma como um “paradoxo”, sinônimo do que nós chamamos “sintoma”.

Analisemos sua principal contradição: Mônica afirma que quer sexo, amor, companhia, porém, a medida que não aceita compromissos sérios, nem relações casuais, nega o que acaba de afirmar, configurando um paradoxo sem solução possível, o que resulta em dúvidas, indecisões e possível paralisia.

A solução alternativa que encontrou foi escolher parceiros mais jovens, aos quais não respeita muito, porém, não a ameaçam, já que consegue controlá-los, mais facilmente do que homens maduros. Sabemos que todo sintoma está construído por um impulso inconsciente, uma defesa contra esse impulso e uma solução alternativa que depende da intensidade de ambos os fatores. Sobre essa plataforma, desenhamos nossa interpretação a ser considerada apenas como uma hipótese: Mônica é uma bonita jovem de 24 anos, solteira e independente, que confessa ter forte interesse por sexo. È uma demanda lógica e compreensível de uma mulher normal e não existe nada que a impeça de satisfazer seu desejo, já que mulheres com suas características são o sonho de consumo de qualquer homem. È justamente esse seu paradoxo: Mônica não quer o que mais quer... Por isso coloca freios no seus desejo e trava uma forte luta interna.

Seu desejo seria mergulhar nem perigoso e desenfreado abismo erótico. E, para se defender, decreta que não há um homem adequado para isso. Se não fosse indecisa, seria devassa, por isso suas duvidas funcionam como escudo protetor que a defende de seu maior perigo, que, por acaso coincide com seu maior desejo. Mônica na é diferente de outros seres humanos que se defendem de seus excessos: alcoólatras acabam abstêmios. Obesos em regime de fome, homossexuais latentes que são homofóbicos etc. No entanto, Mônica tem a seu favor o fato de seu conflito ser relativamente brando, já que, apesar de suas dificuldades, tem uma vida sexual razoável e sem exageros, e dúvidas que não chegam a se transformar em fobias.

Sua dificuldade de amar é sua maior defesa para não ser nem puta, nem casta.

Mônica tem excelente prognóstico. Um dia aprenderá a dançar, quando entender que os amores podem ser simultaneamente sérios e casuais, ou que ás vezes começam de uma forma e acabam de outra. O amor é o único território nos quais os erros são o caminho obrigatório para o acerto. Mônica é intensa e feminina. Será uma excelente dançarina de tango.

Por: Aberto Goldin, psicanalista.

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