quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Virei marmita. E agora?




Não criei esse texto. È um desses que estão rolando pela rede, mas achei muito criativo e por isso tomo a liberdade de compartilha-lo com vocês. Pretendo fazer uma intertextualidade em uma próxima postagem


Você gasta uma porção razoável do seu batalhando salário mensal com aquela chatice de
depilação, lingerie de renda que pinica e entra no meio da bunda, óleo corporal, academia e o caralho a quatro. A gente bem sabe – na verdade, estamos carecas de saber – que a esmagadora maioria dos homens nem se importa tanto assim com todos esses detalhes. Mas se cuidar faz bem e, acima de tudo, você acredita que ele é diferente. Ou melhor, quer acreditar que com ele há de ser diferente. Então, continua gastando dinheiro, tempo e energia, afinal, ele vai notar. O cheiro, o tato, o visual: alguma coisa há de chamar-lhe a atenção.

Vocês marcam de sair, e as suas expectativas ficam a milhão. Tomam um vinho, comem uma porção, conversam sobre Polanski e, enfim, ele a chama para a chincha. Vocês transam loucamente e dormem juntos, no melhor estilo casal apaixonado. De manhã, ele a leva para casa, depois de tomarem um café da manhã reforçado, e diz que vai ligar na semana.

Tudo teria sido incrivelmente lindo se essa não fosse a décima segunda vez que isso acontece sem nenhuma mudança no script – o máximo que muda é que o vinho vira cerveja e que Polanski vira Almodóvar. De resto, é sempre o mesmo samba com os mesmos arpejos. E aí, depois de sucessivas vezes de transa casual, você para em frente ao espelho e pensa: “Virei marmita. E agora?”. A primeira sensação não será das mais confortáveis. Baterá um leve pânico, eu sei. Você se sentirá usada, eu sei. Seus planos de casar e ter uma penca de filhos cairão por água abaixo, eu sei. Mas a verdade, minha querida, precisa ser encarada. E lidar com ela não tem segredo: no sentido mais literal da expressão, relaxa e goza, como sabiamente proferiu Marta Suplicy. Afinal, investir nessa paixão só trará frutos azedos, e muitas coisas nessa vida já lhe amarram a cara. Então, coloque na cabeça o mantra das marmitas: se ele come e volta, é porque o sabor lhe apetece. Yes, nós temos Sazón.


Para algumas mulheres, não há nada mais penoso no mundo do que ser marmita. Dói mais do que cólica menstrual, do que depilação com Satinelle, do que parir um filho de um metro e meio. Dói mais do que tudo isso junto. Afinal, soa como um certo descaso ele provar um pouco de todos os pratos, voltar quinzenalmente para se lambuzar no seu mel e ainda fazê-la lavar a louça. Pior do que isso só ser marmita delivery, aquela que é entregue diretamente na cama, que não exige que ele se levante do calor dos cobertores nem para buscar garfo e faca. Mas a escola da vida ensina que é tudo uma questão de perspectiva: se observada de outros ângulos, essa brincadeira pode ser deveras interessante. Conheço porções de mulheres que consideram que ser marmita tem lá suas vantagens. E eu sou uma delas.

Como tudo na vida, fazer o papel de buffet de self service tem ônus e bônus. Invariavelmente falta um ombro para descansar no domingo à tarde, uma companhia para andar de mãos dadas na cidade ao anoitecer, um chamego nas festas de família – enfim, falta um homem para chamar de seu. Afinal, o comedor de marmita não está disposto a assumir relacionamento, não quer ser apresentado aos seus pais e muito menos arcar com as consequências emocionais de um relacionamento.


E é justamente aí que entra a parte boa. Dizem os sábios que toda afirmação traz os germes de sua negação. Então, aproveite a vida de marmita. Não dê satisfação para ninguém e não se sinta culpada. Mais do que isso, seja marmita ativa. Saia à caça, antes que a comida esfrie, que a carne endureça e que a alface fique assada. Ponha bastante Sazón na mistura, arie a panela, enfeite-se com uma folhinha de manjericão. Conquiste um, dois, três marmitos. Leve-os até a sua mesa e faça dessa vida um banquete.



Coma com os olhos, com a boca e com o coração. Coma-os de colher, raspe o prato, lamba os beiços. Afinal, marmita tá aí pra isso.

E como já dizia vovó, jogar comida fora é pecado!

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