segunda-feira, 10 de novembro de 2014

COMUNHÃO



COMUNHÃO

"Todos os meus mortos estavam de pé, em círculo,
eu no centro.
Nenhum tinha rosto. Eram reconhecíveis
pela expressão corporal e pelo que diziam
no silêncio de suas roupas além da moda e de tecidos; roupas não
anunciadas nem vendidas.
Nenhum tinha rosto. O que diziam
escusava resposta,
ficava parado, suspenso, objeto denso, tranqüilo.
Notei um lugar vazio na roda.
Lentamente fui ocupá-lo.
Surgiram todos os rostos, iluminados"

Carlos Drummond de Andrade

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