sábado, 23 de junho de 2012

Realidade X Surrealismo




É estranho começar o seu dia fazendo visita a uma comunidade extremamente carente. Conversar com crianças na sua maioria magras, tendo por seu o único alimento do dia o que é oferecido com precariedade pela creche improvisada.
Ainda não esqueci aqueles sorrisos, os olhinhos brilhantes, as pequenas mãos me tocando e fazendo festa para mim.

Me choco com essa realidade, não porque sou humana, ou porque seja muito triste. Já estive no lugar daquelas crianças algumas vezes em minha vida.
E como chorei nesse dia. Observando a tudo acabei me  sentindo tão indigna que não consegui comer. 

Como eu queria alguma forma de poder ajudar. Deus, como eu ainda quero poder ajudar!

A vida é completamente louca.
Na tarde desse mesmo dia tive outro grande choque no meu mundo.

Eu me vi diante de uma mesa repleta de pacotes de dinheiro, era muiiiiito dinheiro.
Eu não sou pessoa de me abalar com isso, dana-se que é dinheiro, mas em quantidade assim eu só tinha visto em filme.
Eram montes e montes de pacotinhos azuis enrolados com fita branca. Era tanto dinheiro, que a sala ficou com cheiro de dinheiro novo, mas aquilo ali minha gente, não era uma instituição bancária. 

E toda aquela grana foi apenas para pagar meia dúzia de gente. Nessa altura das coisas eu já estava me sentindo um lixo, pois só consegui  R$ 100,00 para ajudar na festinha das crianças da comunidade! Quanto dinheiro será que tinha em um único pacotinho daqueles? 

O João Carlos de Carvalho falou que tinham case 1MILHÃO de Reais ali encima daquela mesa. 

Como eu fui me enfiar nisso? Porque aquele babaca me mostrou isso? Porque me fez entrar naquela maldita sala? Para demonstrar poder?

É surreal. Eu não queria ter visto todas as coisas que vi. São lembranças ruins.
A gente ouve uma série de coisas por ai sobre política, mas ver com os próprios olhos trouxe-me uma decepção insuperável, um descontentamento. Alguma coisa no meu mundo ruiu e agora não sei como colar.

Se eu pudesse adivinhar todas as consequências que aqueles malditos dias iriam me trazer eu teria caído fora e sem exitar. Mas agora já cai e rolei nessa lama. Tenho de me levantar, lavar a alma dessa sujeira fétida.

Por que esse babaca me enfiou nesse lixo? O que ele pretendia de fato? Por que simplesmente não me deixou no meu canto vivendo a minha vida? Ao invés disso, ao final desse processo que parece não acabar, não sinto ter ganhado nada. A sessação e de terem me levado até o que eu não tinha.




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