sexta-feira, 24 de abril de 2015

EH PAGU, EH! 25




...podia-se conviver com essa gente – ladras, prostitutas, assassinas – todas desgraçadas vítimas do mesmo regime social. Era uma gente que não tinha remorsos nem dramas de consciência; não assaltava ninguém para torturar, como os meus companheiros de presídio político, no Rio.

Esses, que possuíam pregos para fincar na minha cabeça, e na ponta de cada prego a palavra SIM. Ao que eu respondia, NÃO. Aqueles afirmavam que o Partido estava certo, que eu precisava ceder, que eu devia me curvar à palavra de ordem: SIM. E eu respondia: NÃO. 

Passavam-se as horas e os dias e as semanas e o sangue escorrendo e os verdugos se revezando para me vencerem ou me enlouquecerem. Tenho várias cicatrizes, mas estou viva. E enquanto todos diziam: Stalin tem razão, eu sabia que não. 

Contra uma esquerda totalitária, que distribui palavras de ordem arruinando a democracia e contra uma direita reacionária, que não quer ver que a civilização atual esgotou as possibilidades de permanência dominante.


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